Trail Run Oh Meu Deus - Vila de Rei em 2º Classificado
Dia 09 de Março, decorreu 2ª Etapa do Trail Run Oh Meu Deus em Vila de Rei com as distâncias K20, K40 e K60, onde eu escolhi o K40. Mais uma prova com o objetivo de me preparar para o Campeonato do Mundo de Triatlo de Longa Distância. Para esta prova tinha estabelecido 3 metas. 1 – Acabar a prova, que tinha a ver com a minha intenção de colocar km nas pernas sem preocupações com o ritmo; 2 – Não me aleijar; 3 – Fugir ao “homem da marreta”. Ao fim de 44,8Km e 5h35 de prova obtive o magnífico 2º lugar da geral.
Pelas 08h40 estava a fazer o controlo 0 e dar entrada para o parque de partida. Após o briefing inicial, fiquei algo apreensivo. Muitos cuidados, algumas zonas perigosas e muita, muita, muita água, mas apesar de tudo sentia-me preparado. Com o meu Camelbak carregado com barras, géis, 1litro de água, um impermeável, um copo e um apito e nos meus pés as Salomon Goretex não poderia estar melhor. Já encontrei muitas pessoas que me diziam que as goretex não eram boas porque a água entra mas não sai. Ao fim dos primeiros 15 minutos faria logo o teste. Correr por uma linha de água, com água pelo tornozelo. Posso dizer que a água não sair, não passa de um mito, pois sai e posso dizer que foram a melhor escolha. Andei sempre com os pés quentinhos.
Logo para aquecer fizemos a subida por um corta-fogo em direção ao Vértice Geodésico da Melriça, centro geodésico de Portugal, primeiro empeno de muitos. Inicialmente o tempo estava a ajudar com um solzinho risonho que aquecia, ia na companhia de alguns atletas, porque não é seguro andar sozinho. A prova estava a correr muito bem, a bom ritmo e no abastecimento aos 21Km tinha 2H15 de prova. Depois de muitas subidas tipo Oh Meu Deus, alguns aguaceiros e próximo dos 30km já só ia com um atleta, e ele comentou que estava para chegar o pior. Eu pensei “O que é que poderia ser pior, além das subidas terríveis e os percursos a direito mas tão técnicos que se tinha de fazer a andar?!” Percebi logo quando o caminho descia até à margem da bacia da Barragem do Castelo de Bode. Foi o início de um percurso de 2 Km com a água pela cintura que iria demorar 45 minutos a percorrer. Terreno extremamente difícil, cheio de troncos caídos a flutuar nas margens, chão bastante irregular e em xisto, que tornava extremamente perigoso. Estando a água turva e não conseguindo ver o fundo, foi andar aos trambolhões, numa margem muito inclinada, onde colocar o pé em falso significava água pelo pescoço. Agarrei-me às rochas das margens com toda as forças que tinha, até me doerem os braços. Posso dizer que até fui rápido a passar este obstáculos, pois a concorrência que vinha comigo ficou muito para trás. Saímos na praia fluvial do Penedo Furado, com um abastecimento à espera onde aproveitei para restabelecer as forças e aumentar o moral que naquela altura estava muito em baixo. As pernas estavam completamente geladas, pareciam duas tábuas e ainda faltavam 11 km para o final. Após restabelecidas as forças e aquecer um pouco arranquei. Não via ninguém nem para a frente nem para trás. Só quando cheguei ao último abastecimento, a faltar 4Km para o final, é que me disseram que estava em 2º. Ganhei ânimo e lá fui eu terminar a prova em 2º lugar e acho que o “homem da marreta” afogou-se na Barragem do Castelo de Bode, porque eu não o vi;-) No final fiquei a saber que o 3º classificado vinha a 40 minutos de mim.
Os meus objetivos foram todos atingidos e o mais gratificante foi estar presente no pódio, ainda por cima numa prova tão dura como esta. O meu plano de treinos está a correr da melhor forma, como estava planeado e a dar seus frutos. Agora é só continuar que ainda falta muito.
Obrigado a todo em que acreditaram em mim em especial à minha querida esposa Cláudinha e ao meu treinador de natação Paulo Serra.